Se
uma pessoa fizer o exame de sangue que detecta a doença celíaca, e o resultado sair
negativo, o que fazer? Se o indivíduo apresentar sintomas que parecem estar relacionados
ao consumo de glúten, é possível que ele tenha uma sensibilidade não celíaca ao glúten.
Pesquisas
estimam que, nos EUA, 18 milhões de cidadãos apresentam esse tipo de
sensibilidade não autoimune ao glúten. Isso representa seis vezes mais do que a
quantidade de norte-americanos que sofre de celíase.
Os
pesquisadores estão apenas começando a explorar a sensibilidade não celíaca ao glúten, mas já há algumas descobertas que podem ser compartilhadas com o
público interessado.
Esse
questionário foi criado para nos ajudar a entender melhor a sensibilidade não celíaca ao
glúten e o que a diferencia da doença celíaca (DC), bem como da
alergia ao trigo.
1.
O que é sensibilidade não celíaca ao glúten?
O
termo “sensibilidade não celíaca ao glúten” foi criado para descrever aqueles
indivíduos que não podem tolerar o glúten e tem sintomas semelhantes àqueles
com celíase, mas que não apresentam os mesmos anticorpos e dano intestinal
vistos nos portadores da doença celíaca.
As primeiras pesquisas sugerem que a sensibilidade não celíaca ao glúten é uma
resposta imune inata, o oposto de uma resposta imune adaptativa (como por
exemplo, a autoimune) ou uma reação alérgica.
2.
Mas o que é uma resposta imune inata?
Os
seres humanos nascem com um sistema imune inato. Uma resposta imune inata não é
um antígeno específico, significando que não é não específico ao tipo de
organismo que combate.
Embora
sua resposta contra os organismos invasores seja imediata, o sistema imune
inato não uma memória imunológica aos mesmos organismos estranhos.
Sua
resposta não é direcionada ao próprio tecido, o que resultaria na doença
autoimune (como no caso da celíase).
Ao
contrário da sensibilidade não celíaca ao glúten, a doença celíaca tem um
antígeno específico (incluindo Anti-Transglutaminase Tecidual (Anti-tTG), Anti-Gliadina
(IgA), antiendomisio (AAE), e em algumas crianças pequenas também anticorpos
gliadina (IgG), que resulta no ataque do próprio tecido. Dano
intestinal (enteropatia) é o resultado direto.
3.
Quais são os sintomas da sensibilidade não celíaca ao glúten?
A
sensibilidade não celíaca ao glúten compartilha muitos sintomas com a doença
celíaca. Entretanto, de acordo com um relatório colaborativo publicado por Sapone
et al. (2012), indivíduos com sensibilidade não celíaca ao glúten tem uma
prevalência de sintomas extra intestinais, ou sintomas não-GI (não
gastrointestinais), tais como dor de cabeça, “mente enevoada”, dores nas juntas,
e dormência nas pernas, braços ou dedos. Os sintomas aparecem, comumente, horas
ou dias após a ingestão do glúten, uma resposta típica de condições de
imunidade inata como a sensibilidade não celíaca ao glúten.
4.
Se os sintomas são tão similares, como diferenciá-la da doença celíaca?
A
sensibilidade não celíaca ao glúten tem sido reconhecida clinicamente como
menos severa que a DC. Não é acompanhada por “enteropatia, elevação da Anti-tTG,
AAE, ou IgA, e aumento na permeabilidade da mucosa que são características da
DC” (Ludvigsson et al, 2012).
Em
outras palavras, indivíduos com sensibilidade não celíaca ao glúten não
testariam positivo para a DC, em exames de sangue, nem tem o mesmo tipo de dano
intestinal encontrado em indivíduos celíacos. Alguns indivíduos podem
apresentar um dano intestinal mínimo, e isso desaparece com uma dieta livre de
glúten.
As
pesquisas também mostram que a sensibilidade não celíaca ao glúten não resulta
no aumento da permeabilidade intestinal que é característica da DC.
Uma
permeabilidade intestinal aumentada permite que toxinas, bactérias e proteínas dos
alimentos não digeridas se infiltrem através da barreira intestinal e para
dentro da corrente sanguínea, e pesquisas sugerem que seja uma mudança
biológica precoce que vem antes do surgimento da várias doenças autoimunes.
5.
A sensibilidade não celíaca ao glúten é diferente de uma alergia ao trigo?
Sim.
Alergias, incluindo aquela ao trigo, estão associadas com testes positivos para
IgE. O diagnóstico é feito através de testes de punctura cutânea, exames de
sangue IgE específicos para trigo e teste de provocação alimentar. Indivíduos
que tem sintomas relacionados ao glúten, mas testam negativo para uma alergia
ao trigo podem ter sensibilidade não celíaca ao glúten.