sábado, 26 de março de 2011
Um Lugar Onde o Câncer Não Existe
Em vilarejos remotos do Equador, os cientistas descobriram uma população que pode conter pistas para combater diabetes e câncer - as pessoas com um tipo de nanismo, que quase nunca têm essas doenças.
Acontece que uma mutação genética que bloqueia o seu crescimento também pode bloquear as alterações celulares que levam a essas doenças do envelhecimento.
Os pesquisadores analisaram a saúde de 99 equatorianos com a chamada Síndrome de Laron. A maioria tinha uma altura inferior a 1,21 m, porque a mutação genética impede seus corpos de usar adequadamente o hormônio do crescimento.
Isso altera a atividade de outros hormônios, inclusive o fator de crescimento semelhante à insulina ou IGF-1 - uma substância que, segundo estudos de laboratório sugerem, pode ser manipulada para prolongar a vida.
Assim, os cientistas estavam interessados em ver como as pessoas com a Síndrome de Laron vivem.
Ao longo de 22 anos, essa população não sofreu nenhum tipo de diabetes e apenas um caso não-letal de câncer, segundo o endocrinologista equatoriano Jaime Guevara-Aguirre e o biólogo celular Valter Longo, da Universidade do Sul da Califórnia. Sua pesquisa aparece na revista Science Translational Medicine.
A ausência de diabetes era verdadeira, embora a população com a Síndrome de Laron tende a ser mais pesada do que os demais equatorianos, e estar acima do peso aumenta o risco para o diabetes.
Em contrapartida, 1.600 dos parentes do grupo, com altura normal, que moravam na mesma cidade, experimentou taxas dessas doenças típicas do Equador - 5% tiveram diabetes e 17% tiveram câncer.
Entretanto, os ‘pacientes Laron’ não viveram mais do que seus parentes mais altos. Suas principais causas de morte foram acidentes e doenças relacionados com o álcool.
Para sua pesquisa, os cientistas misturaram componentes do sangue dos participantes com a Síndrome de Laron, com células humanas. A equipe de Longo descobriu esses componentes protegidos contra tipos de dano celular e alteraram alguns genes, que estudos laboratoriais haviam ligado à extensão da vida.
A seguir, eles querem testar se existem formas seguras de usar medicamentos que bloqueiem a atividade do hormônio do crescimento, de forma que possam proteger contra doenças do envelhecimento. Mas essa pesquisa vai levar anos para ser concluída.
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