sábado, 13 de novembro de 2010

A Vida Urbana e o Estresse


O Estresse

O conceito de estresse (do inglês ‘stress’, tensão) psicológico poderia ser definido como o estado do organismo que tenta compensar o dano que pode ser provocado por determinados fatores agressores, de diferentes ordens.

Geralmente, somos submetidos ao estresse quando o grau de exigências que nos impõe o ambiente no qual nos encontramos se sobrepõe à nossa capacidade de controle, o que pode nos levar a ter um funcionamento fora do comum, irregular e desorganizado.

Para definir de um modo mais simples, o estresse psicológico surge quando nos encontramos diante de circunstâncias de exigência que provocam ansiedade e que nos obrigam, por isso, a reagir de um modo rápido e decidido para solucionar os problemas, conseguindo assim aliviar a dita ansiedade.

A resposta ao estresse

São muitos os fatores que vão determinar uma resposta distinta ao estresse. A idade, o sexo, a raça, o emprego, o temperamento pessoal, ou fatores educacionais e familiares vão estabelecer a base de uma realidade diferente e uma resposta variável diante do estresse.

As armas de que cada pessoa dispõe para combater esta situação são muito diferentes de um para outra, e se colocam em jogo segundo a capacidade da própria pessoa para defender-se das agressões. Isso significa que um fator claramente estressante para uma pessoa pode não o ser para outra, e que existem indivíduos com uma tendência excessiva ao estresse, apesar de não ter motivos destacados para isso.

Quanto ao sexo, por exemplo, diversos estudos realizados com grupos de homens e mulheres, tentaram encontrar diferenças no modo de comportar-se ou defender-se diante do estresse. As conclusões de tais estudos, em grande parte, não parecem encontrar grandes diferenças entre os sexos. Em outros estudos que levaram em conta outras variáveis, como a situação socioeconômica, a raça, as responsabilidades profissionais ou o tipo de personalidade, as diferenças encontradas foram sim significativas na maioria dos casos.
Muitos especialistas asseguram que não tem por que o estresse ser um fenômeno negativo e que, portanto, certo nível de estresse na pessoa pode favorecer uma resposta mais ágil e rápida diante os problemas que possam se apresentar. No entanto, a rapidez e a agilidade não precisam ser qualidades iguais à eficiência; muitos outros especialistas afirmam que a ansiedade crônica pode prejudicar, a médio e longo prazo, a saúde, e que não é verdade que em um ambiente confortável e livre de estresse não seja possível obter um alto nível de rendimento pessoal ou profissional.

Seja para o bem ou para o mal, o certo é que o estresse psicológico, quando somos capazes de controlá-lo adequadamente, nos faz ficar mais alertas e mais dispostos a atuar (como um estudante diante de uma prova iminente, por exemplo), mas também nos esgota física e psicologicamente, no caso de estabelecer-se de modo crônico, como uma maneira habitual de funcionar no dia a dia.

O modo como o estresse pode produzir um dano pode também ser dado pelo sobre estresse, que é o excesso de estresse tão notável que acaba levando a pessoa a um quadro de intensa ansiedade, consumindo todos seus recursos defensivos e que deteriora gravemente seu bem-estar pessoal.

Os possíveis efeitos prejudiciais do estresse psicológico são variados e podem ser resumidos em: alterações gástricas (úlcera gastroduodenal, gastrite, etc.), arritmias cardíacas, insônia, disfunções sexuais, fadiga crônica, depressão, hipertensão arterial, etc.

Inclusive foi proposta a existência de uma relação significativa entre o estresse e doenças graves, como os transtornos cardiovasculares ou o câncer.

Ambiente familiar

O meio familiar pode ser una fonte geradora de estresse importante, sobretudo para a pessoa que ostenta a responsabilidade de ser chefe de família, pois as demandas do lar e os problemas dos diferentes membros da família podem ser numerosos ou graves em algumas ocasiões, e a capacidade ou mecanismos para confrontá-los podem ser limitados.

A forma como se estabelecem os laços familiares e o grau de exigências dos componentes do grupo familiar com respeito a seus respectivos membros será um determinante de primeira ordem de um potencial de estresse.

Ambiente profissional

O ambiente profissional, entendido como o meio onde se exerce a atividade profissional ou escolar, também é fonte inesgotável de estresse e ocupou o empenho de numerosos estudos que tentam compreender as causas determinantes do mesmo. Entretanto, toda esta atividade investigativa tentou se aprofundar mais no conhecimento das chaves para o aumento do esforço ou rendimento profissional, do que na busca e compreensão das circunstâncias que melhoram o bem-estar e a saúde das pessoas que realizam uma tarefa profissional.


Ambiente externo

O ambiente externo também é um âmbito de extrema importância como fonte geradora de estresse. Dentro deste meio podemos distinguir principalmente os ambientes urbanos e rurais.

O estresse provocado pelo ambiente

Os fatores provocadores do estresse podem vir dos diferentes ambientes nos quais desenvolvemos nossas vidas, que são basicamente três: o familiar, o profissional e ambiente externo.

Agentes contaminantes

A poluição atmosférica, mas ainda mais a acústica, tão comuns nas cidades, determinam um ambiente claramente hostil para a vida cotidiana que vai a condicionar um modo restritivo e inadequado de relacionar-se com o ambiente.

'Modus vivendi' urbano

O estilo de vida que o homem da cidade leva é bem diferente daquele do homem rural. Na cidade as distâncias são maiores e os meios de transporte se encontram geralmente abarrotados, o que se soma à ansiedade da tarefa de cumprir com os compromissos para os quais é necessário se deslocar. Além disso, para aquelas pessoas que escolhem o veículo privado como meio de transporte, o risco de estresse dispara, pelas desagradáveis experiências e fatores que incrementam a ansiedade, associados de modo inevitável ao tráfego das ruas das cidades (engarrafamento, condução irresponsável ou imprudente por parte dos outros condutores, possibilidade de atropelar pedestres, de sair ferido em um acidente, etc.)

A tudo isso se soma também o menor tempo de ócio, pela exigência de deslocar-se de um lado para o outro, com um menor emprego de tempo para realizar atividades vitais como alimentar-se adequadamente, relaxar, ou desfrutar de forma plena das relações pessoais.

 

Por outro lado, a convivência nas cidades é mais discreta e anônima e, paradoxalmente, não permite redutos adequados de intimidade ou calma, tão necessários para um descanso conveniente.

Além disso, a vida urbana, na maioria das ocasiões, não serve precisamente como substrato ideal para o fomento das relações entre vizinhos, amigos e inclusive familiares, o que é tão necessário para se levar, dia a dia, uma vida mais feliz.

Ambiente profissional urbano

O estresse profissional do homem da cidade é diferente do de um homem do campo. É claro que um agricultor terá, em circunstâncias como o clima, ou outros relacionados com o sucesso de seu trabalho de cultivo, uma fonte de estresse considerável, mas o certo é que o ambiente urbano condiciona ambientes de trabalho nos quais pode ser mais complicado manter o equilíbrio justo entre o que se pode sacrificar ou não da vida pessoal, e o que se pode conceder em favor dos interesses empresariais aos quais se deve lealdade.

 

Muito provavelmente, o ambiente profissional urbano favorece o desenvolvimento de um sentido excessivo da responsabilidade, que pode fazer as pessoas sofrerem com um ritmo de atividade frenética, com um nível de exigências demasiado superior o que seria razoável de exigir-se. Isto, num ambiente rural, não costuma acontecer.

Medo do prejuízo provocado por outros

A insegurança urbana é um fator estressante de primeira magnitude. Grande parte do estresse que as pessoas do ambiente urbano sofrem se deve a este importante problema.

Desde a pré-história, a ameaça contínua à vida constituiu a principal preocupação do homem, e esse fator estressante não deixou de estar presente ao longo da história em momento algum. Atualmente, no mundo desenvolvido, esse estresse de sobrevivência costuma aparecer apenas quando surgem as doenças. No entanto, infelizmente, atualmente começa a ter cada vez mais força, por causa da delinquência, conflitos bélicos ou o terrorismo. Estudos mostraram que existe um aumento da incidência de estresse pós-traumático relacionado com eventos terroristas, como os que aconteceram nos EUA ou Europa, por exemplo.

Formas de se enfrentar o estresse

Evidentemente, para muitas pessoas, determinadas soluções, como mudar de atividade profissional, ou de residência, da cidade para o campo, não são viáveis em seus planos de vida, mas dentro do que constitui o marco cotidiano de cada um, é possível recorrer a alguns conselhos que possam reduzir nosso estresse ou ao menos minimizar seus efeitos nocivos sobre nosso estado psicológico e físico.

1. Antecipação dos problemas

Conhecer os problemas que se aproximam, e preparar as armas necessárias para enfrentá-los, pode fazer com que você esteja mais bem preparado para combater o estresse quando este se produza.

2. Visualização positiva

Imaginar-se a si mesmo em um momento seguinte ao da resolução de um problema, ou ver-se a si mesmo vencendo sem problema uma previsível adversidade futura.

3. Desvalorização

Minimizar os problemas ou adotar uma abordagem que permite visão a mais benigna possível deles.

4. Relaxamento

Existem técnicas que permitem a realização de um profundo relaxamento físico e mental, bem como determinados campos de busca de serenidade interior (meditação, yoga, tai-chi, etc). É bastante recomendado para as pessoas que não sabem como parar o seu estilo de vida acelerado.

5. Análise e racionalização positiva


Trata-se de buscar mecanismos que nos permitam ver os problemas de forma objetiva, analisando de longe seus aspectos essenciais, e a melhor maneira de lidar com eles, admitindo suas próprias limitações, e confiando o máximo possível em nossa capacidade de resolvê-los corretamente.



Outros conselhos de interesse

Procurar ter certa regularidade no exercício das tarefas diárias, buscar uma maior informação sobre aquilo que nos afete, para diminuir na medida do possível a ansiedade derivada da incerteza, organizar claramente uma ordem de prioridades, tanto em objetivos como em atividades que se deve realizar, saber delegar tarefas quando seja preciso, aprender a dizer “não” para aqueles compromissos que sabemos que não podemos cumprir, avançar sempre em nossas obrigações adiantando tudo aquilo que pudermos resolver de forma mais imediata ou simples, praticar exercícios físicos regularmente, etc.

A vida do homem urbano é, infelizmente, uma vida de estresse, mas dispomos de uma margem mais ampla do que pensamos para modificar muitas das circunstâncias que o geram. O planejamento de um estilo de vida saudável deve ser perseguido como um de seus objetivos básicos para a redução do estresse na vida das pessoas.

 

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