O que nos faz ficar, literalmente, com água na
boca, ou simplesmente não suportar determinados alimentos? Um especialista em
fisiologia, ou química, certamente poderia nos dar uma explicação científica
complexa sobre o sentido do paladar.
Mas, mais do que o efeito químico de substâncias
presentes nos alimentos sobre nossas papilas gustativas, existem outras causas
mais etéreas, digamos assim, para o desenvolvimento do paladar em cada
indivíduo.Experiências pessoais que vêm da infância desempenham um papel fundamental na composição da nossa memória do paladar.
Quem começa, em alguma fase da sua vida, a se interessar pelo mundo da culinária, passa a ter uma sensibilidade muito maior ao sabor dos alimentos. É claro que há muitos ‘comedores profissionais’, que não sabem fritar um ovo, mas sabem apreciar o mundo da gastronomia.
Na mais tenra infância, quando o bebê começa a ter contato com alimentos de sabores e texturas diferentes, é que principia a formação do seu paladar. Ao oferecer a uma criança, desde cedo, pouca variedade de alimentos, sua curiosidade pela novidade pode ser prejudicada pelo resto da vida. Sem mencionar o fato de que uma dieta pobre irá afetar seu crescimento, e sua saúde futura.
É só passear por alguns minutos pela praça de alimentação de algum shopping center e é fácil constatar-se como as pessoas estão comendo mal. Tudo bem, nos finais de semana as pessoas gostam de se dar uma folga e comer ‘junk food’ sem culpa. Mas mesmo aqueles que se servem dos bufês, costumam montar um prato monocromático - aquele prato em tons de amarelo (arroz, batata, macarrão e carne).
Tem pessoas que são tão avessas a provar comidas diferentes, que beira a fobia. Acho que uma boa ‘terapia’ para essas pessoas seria aprender a cozinhar – fazendo um curso de culinária, comprando livros de receitas... Viajar também é uma boa forma de conhecer mundos de sabores diferentes.
Hoje em dia, não há desculpa para não variar o sabor na cozinha. A quantidade e a qualidade de temperos e ingredientes em geral são impressionantes. Visite as feiras livres e os mercados públicos de sua cidade e leve para casa ingredientes frescos e variados, sem gastar muito.
Voltando ao tema específico do paladar, é marcante o quanto o sabor e o aroma (este ligado diretamente ao sentido do paladar) pode nos trazer lembranças, principalmente da infância. Outro dia eu estava fazendo um pão e toda vez que sinto o aroma do fermento penso imediatamente na minha avó. Sua casa estava sempre perfumada com aroma delicioso dos pães, roscas e biscoitos saídos do forno à lenha. Ela preparava a massa caseira e deixava descansando em bandejas cobertas por panos, e nós, os netos, adorávamos ‘roubar’ e comer aqueles fios de macarrão cru!
O sentido do paladar também pode ser muito misterioso e intrigante...
Devem existir estudos sobre a transmissão dos genes relacionados ao paladar, de pai para filho. Embora eu não tenha lido nenhum, na prática é fácil de perceber como certos gostos parecem ser compartilhados dentro de uma mesma família. Já perceberam isso?
E não estou falando dos hábitos alimentares (certos ou errados), mas de certos sabores que são de aprovação ou rejeição unânime. Eu e minha mãe, por exemplo, temos uma preferência e ao mesmo uma reticência quanto a certos alimentos que ultrapassa a lógica e o bom senso. Em geral, nós todos aqui em casa e estamos sempre abertos às novas experiências culinárias. A lista de receitas e ingredientes que são banidos dos nossos cadernos de receitas pode ser contada nos dedos das mãos...
...Mas coloque um lindo pudim de pão na nossa frente e será nosso inimigo para sempre! Sem ofensa a quem adora pudim de pão... Muita gente odeia miúdos de galinha, ou língua de boi, e eu acho uma delícia! São os mistérios da vida... e do paladar.
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