O
pão de trigo poderia estar de volta ao cardápio dos celíacos, após um avanço no
tratamento potencialmente importante.
Em
22 de outubro deste ano, uma equipe de pesquisa da Universidade Northwestern de
Chicago, durante uma conferência médica na Espanha, compartilhou descobertas
sobre a Fase 2 de testes clínicos.
A
Fase 2 de testes clínicos é usada para determinar a efetividade de um
medicamento ou tratamento, ao contrário da Fase 1, onde a segurança de um
tratamento é considerada.
Neste
caso, pesquisadores testaram uma nova tecnologia desenvolvida no laboratório do
Dr. Stephen Miller, um professor de microbiologia e imunologia da Escola de
Medicina Feinberg, na Universidade Northwestern.
Miller passou décadas refinando um nanopartícula biodegradável com potencial
para tratar um conjunto de outras doenças além da celíase, como esclerose
múltipla, diabetes tipo 1, alergia ao amendoim, etc.
Nanopartículas
são partículas microscópicas que têm sido estudadas intensivamente nos últimos
anos. Avanços recentes mostraram o potencial pra grandes aplicações no campo da
biomedicina.
A
nanopartícula desenvolvida pela equipe de Miller contém glúten. Quando
ingerida, ela ensina o sistema imunológico da pessoa que o alergênico é, na
verdade, seguro. De acordo com a Universidade Northwestern, “A nanopartícula
age como um cavalo de Tróia, escondendo o alergênico dentro de um envoltório
amigável, para convencer o sistema imunológico a não atacá-lo”.
Esta
é uma notícia potencialmente animadora para as pessoas portadoras da doença
celíaca. É a primeira vez que a tecnologia demonstrou funcionar em pacientes.
Essencialmente,
o estudo descobriu que após o tratamento os pacientes testados puderam ingerir
glúten com uma redução substancial na inflamação. Os resultados também
revelaram uma tendência onde o intestino delgado dos pacientes era protegido da
exposição ao glúten.
Especificamente,
o tratamento é nomeado CNP-101/TAK-101. No estudo, as nanopartículas foram
administradas aos pacientes celíacos via intravenosa, no primeiro e no oitavo
dia. Depois de uma semana, os pacientes consumiram glúten por 14 dias, e então suas
reações ao glúten foram testadas.
O
experimento demonstrou que aqueles que receberam o tratamento apresentaram 90% menos
resposta imune inflamatória ao glúten, comparado ao grupo que recebeu um placebo
(tratamento inativo). O estudo incluiu 34 participantes, seis dos quais não
completaram o experimento, devido a sintomas ligados ao glúten.
De
acordo com a Universidade Northwestern: “Doenças autoimunes geralmente só podem
ser tratadas com imunossupressores, que proporcionam algum alívio, mas
prejudicam o sistema imunológico e levam a efeitos colaterais tóxicos. CNP-101 não
suprime o sistema imunológico, mas reverte o curso da doença”.
“A
Doença Celíaca é diferente de muitos outros distúrbios autoimunes, porque o
antígeno agressor (gatilho ambiental) é bem conhecido – o glúten na dieta,” diz
o Dr. Ciaran Kelly, professor de medicina na Escola Médica de Harvard e diretor
do Centro de Celíase do Centro Médico Diaconisa Beth Israel, em comunicado à
imprensa. “Isto faz da doença celíaca uma condição perfeita para endereçar
usando esta excitante abordagem de tolerância autoimune induzida pela nanopartícula”.
Recentemente,
uma companhia farmacêutica japonesa, Takeda, adquiriu a licença para utilizar a
tecnologia especificamente para o tratamento da doença celíaca. Miller e a
empresa que ele co-fundou, COUR Pharmaceutical Development Company, mantém a
propriedade da tecnologia.
Atualmente,
não há tratamento para a doença celíaca, uma dieta sem glúten sendo a forma
mais efetiva de evitar os sintomas.
Embora
os resultados mostrem alguma promessa de novas opções de tratamento, é
importante observar que é muito cedo para esperar uma cura até que novos
estudos sejam concluídos.
Fonte: Gluten-Free Living
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