Por
que as mulheres sofrem de doenças autoimunes mais do que os homens?
Mais
de 75% dos 24 milhões de norte-americanos sofrendo de doenças autoimunes são
mulheres, de acordo com a American
Autoimmune Related Diseases Association (AARDA).
As
mulheres parecem ter respostas autoimunes maiores do que os homens quando seus
sistemas imunológicos são acionados, aumentando assim o risco de autoimunidade.
Os hormônios sexuais parecem estar envolvidos, uma vez que muitas doenças
autoimunes flutuam com as alterações hormonais, como as que ocorrem durante a
gravidez, o ciclo menstrual, ou quando se usam contraceptivos orais. Um
histórico de gravidez também parece aumentar o risco de doença autoimune.
Deficiência
hormonal pode ser um elo
O
hormônio sexual que é comumente baixo nestas mulheres é o DHEA.
O
DHEA é produzido pelas glândulas adrenais, os órgãos reprodutivos e o cérebro. É
um esteroide natural e é usado pelo corpo para produzir os hormônios femininos
e masculinos, o estrogênio e a testosterona, respectivamente. O DHEA é
conhecido por ter efeitos anti-inflamatórios e tem sido proposto que uma
deficiência dele é um fator que contribui para doenças autoimunes. Foi feito um
estudo para analisar este efeito preciso e suas conclusões foram apoiadas por
outras pesquisas similares.
A
revista científica Journal of Clinical
Endocrinology and Metabolism Vol. 94, No. 6 2044-2051(2009) apresentou um
artigo entitulado “Low Serum Levels of Sex Steroids Are Associated with Disease
Characteristics in Primary Sjogren’s Syndrome; Supplementation with
Dehydroepiandrosterone Restores the Concentrations” (Níveis séricos baixos de esteroides
sexuais estão associados a características da Síndrome de Sjogren Primária; suplementação
com Dehidroepiandrosterona restaura as suas concentrações).
Os
autores pretendiam investigar se havia uma relação entre níveis de esteroide e
as características da doença de Sjogren, uma doença autoimune. Eles basearam sua
premissa nos dados conhecidos de que o hormônio DHEA não só diminui com o envelhecimento,
mas também com esta doença autoimune, a Síndrome de Sjogren. O estudo envolveu
23 mulheres na pós-menopausa, com Síndrome de Sjogren Primária e níveis abaixo
do normal de DHEA. O estudo foi duplo-cruzado (estudo de alta qualidade), com
duração de nove meses, onde o nível de DHEA foi acessado por medições
laboratoriais sofisticadas e sintomas típicos da Síndrome de Sjogren, como
olhos e boca secos e fluxo salivar foram similarmente calculados.
Estes
ditos hormônios mostraram uma melhora em seus níveis, no entanto...
Resultados
revelaram uma forte correlação entre DHEA baixos e os sintomas da Síndrome de Sjogren.
O DHEA e seus metabólitos de hormônios sexuais (testosterona e estrogênio) parecem
aumentar com a suplementação de DHEA, mas não com o placebo. Constatou-se que sintomas
como olhos secos melhoravam quando os níveis de estrogênio aumentavam.
Os
pesquisadores concluíram que as manifestações clínicas da Síndrome de Sjogren
Primária estavam associadas com níveis baixos de hormônios sexuais e a
suplementação de DHEA permitia que o
corpo o transformasse em andrógenos (testosterona) e estrógeno, com a
predominância da produção de testosterona.
O
fato de as doenças autoimunes ocorrerem mais frequentemente nas mulheres, que
as mesmas costumem ter o DHEA baixo e que os andrógenos (testosterona) têm
efeitos anti-inflamatórios que podem beneficiar as doenças autoimunes, são
todas afirmações verdadeiras. Mas será que basta dar a estas mulheres o DHEA, e
dispensá-las?
Provavelmente, não, mas há três itens a serem propostos aos
clínicos e seus pacientes:
Primeiro,
avaliar os níveis hormonais nas mulheres regularmente.
Segundo,
discutir POR QUE seus níveis hormonais estão desequilibrados.
E
terceiro, quando for suplementar com hormônios como DHEA, certificar-se que o
sistema de entrega é aquele que simula o que o corpo faz naturalmente.
Lembre-se
de que a doença autoimune pode começar muitos, muitos anos antes que os primeiros
sintomas se manifestem. Portanto, avaliar os níveis hormonais em nossas mulheres
mais jovens é uma boa ideia.
Quando
o médico descobrir que os níveis de DHEA na paciente estão baixos, a primeira
atitude é discutir o porquê. Frequentemente
isto ocorre devido a um fenômeno conhecido como “roubo de pregnenelona”, que
acontece quando as glândulas adrenais (a glândula do estresse) estão
sobrecarregadas. É um acontecimento comum e uma das habilidades fantásticas do
corpo humano, permitindo que ele desvie de um caminho para outro quando o
estresse está presente.
O
caminho de “roubar” desvia o corpo de produzir os hormônios sexuais, para poder
fabricar mais hormônios “anti-estresse”. Então, ao adicionar um pouco de DHEA na
mistura pode muito bem ajudar, mas, por outro lado, não seria fundamental descobrir
por que sua produção está sendo desviada de fazer hormônios sexuais? Depois de
descobrir a causa de qualquer deficiência ou desequilíbrio no corpo podem-se
tomar medidas para realmente remediá-lo, ao invés de simplesmente encobri-lo,
tomando DHEA ou alguma outra substância.
Voltando
ao ponto acima, insistir no tratamento ‘fechado’ de suplementação com o DHEA,
sem buscar a causa de sua deficiência é um erro, já que o corpo, em condições
normais, deveria produzir a quantidade adequada de DHEA. Uma razão comum para o
começo do desvio, ou “roubo”, é devido ao estresse adrenal por má absorção de
nutrientes, açúcar no sangue e a presença de infecções – todos os problemas
vistos em pacientes com intolerância ao glúten! Não estamos presumindo que todo
paciente autoimune tenha intolerância ao glúten, mas certamente é prevalente o
bastante para garantir que eles sejam avaliados, se for o caso, diagnosticados.
A
medida que percorremos o caminho para a saúde ideal removendo qualquer alimento
que o corpo não tolera bem, melhorando a integridade do intestino delgado e
normalizando a função adrenal, certamente a momentos em que a suplementação
hormonal é benéfica. Não se recomenda a via oral, porque o primeiro local para
o qual o hormônio viaja após a ingestão é o fígado, e isto pode ser oneroso
para esse órgão. Quando o corpo produz hormônios, o processo natural é
entregá-los diretamente à corrente sanguínea. Num esforço para simular o
sistema de entrega, usa-se uma via bucal (colocada entre a bochecha e a
gengiva) que faz um bom trabalho de levar o hormônio diretamente à corrente
sanguínea, contornando o fígado e o trato digestivo.
Doenças autoimunes
compreendem a terceira principal causa de morte nos EUA e pesquisas sugerem
fortemente que seu rápido aumento se dá devido a fatores ambientais, especialmente
aqueles que enfraquecem o intestino delgado – o lar de 70-80% do sistema
imunológico humano. Precisamos de profissionais da saúde comprometidos com o
diagnóstico precoce, enquanto a doença ainda é remediável, bem como a redução
global da incidência, abordando a saúde digestiva e do sistema imunológico.
Fonte: https://bit.ly/2wfieDS