Uma pesquisa científica
recente concluiu que algumas crianças diagnosticadas com a doença celíaca,
mesmo adotando a dieta sem glúten, continuam a apresentar danos no intestino.
Um estudo que resulta preocupante, e que faz com que os pais tenham de redobrar os
cuidados com a dieta restrita dos filhos. Trata-se também de um alerta para médicos
e nutricionistas que atendem estes pequenos pacientes.
Estudo publicado no Journal of Pediatric Gastroenterology (novembro, 2016) a cargo de pesquisadores do
Programa de Pesquisa da Celíase da Universidade de Medicina de Harvard conclui
que cerca de 20% das crianças celíacas continuam a apresentar dano intestinal,
apesar de terem aderido a uma dieta sem glúten por mais de um ano. Os
pesquisadores testaram a eficácia dos exames serológicos IgA anti-tTG no diagnóstico da cura da inflamação intestinal em
pacientes pediátricos. As diretrizes clínicas atuais não recomendam a biópsia para
este fim, mas estas orientações foram elaboradas há mais de 25 anos, e não
levam em conta o que foi aprendido neste meio tempo sobre a apresentação da
doença celíaca.
Os pesquisadores realizaram uma revisão de
prontuários em 103 pacientes pediátricos (com idade inferior a 21 anos), para
os quais a doença celíaca havia sido confirmada em diagnóstico por endoscopia/biópsia,
e submetidos a repetição de endoscopia e biópsia duodenal após pelo menos 1 ano
na dieta isenta de glúten. 91% destes pacientes foram identificados como tendo
mantido uma adesão “excelente” às diretrizes dietéticas; 92 dos pacientes
também tinham IgA tTG positivo no diagnóstico.
A análise dos gráficos
revelou que no momento da segunda endoscopia 33% dos pacientes ainda
apresentava sorologia elevada, e 66% dos pacientes ainda eram sintomáticos,
sendo que 19% ainda apresentavam lesões indicativas da doença celíaca ativa.
Quase metade destes pacientes com lesões eram assintomáticos (!).
O estudo conclui que nem a
presença ou ausência de sintomas, nem um resultado sorológico positivo são
indicadores acurados da cicatrização da mucosa intestinal em pacientes pediátricos
com celíase. Embora as diretrizes clínicas atuais não recomendem a biópsia na
avaliação da remissão, os resultados deste estudo sugerem que a biópsia é a
única maneira confiável de avaliar a presença de lesões, no diagnóstico, ou no
acompanhamento da doença.
São necessários estudos adicionais para compreender
a eficácia da dieta sem glúten em crianças e jovens, e para avaliar quaisquer tratamentos
alternativos que possam diminuir a possibilidade de efeitos a longo prazo no
desenvolvimento da doença celíaca.
Como as crianças em especial relutam em aderir à
dieta sem glúten, um acompanhamento a longo prazo é especialmente importante
para elas. Fica a sugestão para os pais com filhos celíacos que consutem seus
pediatras e nutricionistas para assegurar o tratamento pós-diagnóstico
adequado.
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