A
alimentação tradicional japonesa é muito recomendada para quem deseja manter-se
em forma. Mas existem múltiplos benefícios nesta dieta: rica em antioxidantes e
ácidos Ômega 3, previne doenças coronárias e o envelhecimento precoce.
Arroz,
missô, wasabi, chá, algas e, é claro, muito peixe. Esta parte da dieta japonesa
é, à primeira vista, uma lista de muitos ingredientes saudáveis para o
organismo. Além disso, exclui dois dos venenos da má dieta ocidental: o excesso
de açúcar e gorduras saturadas. Não é de estranhar que muitos a assinalem como
um sistema de alimentação equilibrado. Ou ainda, quem a vejam como uma dieta
interessante dieta para perder peso. De fato, no Japão só há 3,9% de obesos,
contra os 33,8% de norte-americanos com este problema e 18% dos brasileiros.
Mas
se comer como os japoneses ajuda a perder peso, adotar alguns de seus hábitos
alimentares pode ser um primeiro passo na busca de uma alimentação consciente.
Algo tão trivial como usar os palitos (rashi) como talheres ajuda a ingerir os
alimentos num ritmo comedido e não a engolir rapidamente. Além disso, as
porções costumam ser menores, ao contrário do gosto ocidental, onde quanto maior
o prato, melhor. O resultado é que, quase sem esforço, se come de um modo mais
lento, dando tempo para que o cérebro reconheça a sensação de saciedade. A consequência
imediata é uma digestão mais simples, uma menor sensação de inchaço, e menos
gases.
Esta dieta também está associada a uma maior longevidade. Um bom exemplo são os
habitantes de Ogimi (no arquipélago Okinawa) cuja longevidade é atribuída à sua
dieta. Realmente, ao mudar-se para outras cidades e modificar seus hábitos
alimentares, este índice de longevidade diminui. Com seu consumo generoso de
salmão e atum recebem um aporte importante de ácidos graxos Ômega 3, especificamente,
EPA (ácido eicosapentanóico) e DHA (ácido docosahexanóico). Estes ingredientes,
além de garantir uma boa saúde para a pele, o cabelo e as unhas, são essenciais
para a boa saúde interna do organismo. O EPA contribui para o funcionamento correto
do sistema circulatório e o cérebro, o que, em termos de saúde, é um seguro de
vida contra doenças coronárias. O DHA protege o sistema nervoso e a retina, e ajuda
no bom desenvolvimento fetal.
A pele imaculada das japonesas é fruto, além da sua paixão pela cosmética e sua
obsessão por evitar os raios solares, de uma alimentação rica em antioxidantes,
vitaminas e oligoelementos. Ou seja, a brigada perfeita contra os radicais livres
e o envelhecimento precoce. Essa dieta dispensa quase totalmente a carne e os
produtos lácteos, e dá preferência a frutas e verduras, mais um mix de algas e ervas.
As algas têm poucas calorias e são ricas em potássio, cálcio, ferro e iodo. Em
resumo, isto se traduz numa pele mais saudável e com menos rugas.
A pele – e o resto do organismo – também agradece a quase ausência do açúcar. Assim
se evita a glicação dos tecidos (uma das principais causas da formação de rugas)
e outros transtornos metabólicos como o diabetes. Trocar a panificação industrial
típica da má dieta ocidental pelo arroz ou as massas orientais de baixo índice
glicêmico evita as flutuações da glicose - e a inevitável compulsão por comida para
neutralizar estas alterações.
O chá verde não fermentado ganha de goleada do café. E o organismo agradece: tem
propriedades antioxidantes e epigadocatequina galato (EGCG), que pode prevenir doenças.
Esta substância desaparece no processo de maturação, no qual o chá verde se
converte em chá preto.
Outra vantagem a ser ressaltada para o público feminino: o alto conteúdo de
L-triptófano da soja contribui para aliviar alguns dos distúrbios próprios da
TPM (inchaço, cansaço, etc.).
Mas é tudo vantagem mesmo, nesta dieta? Parece que não. Ao menos, se você não é
oriental, e ficar obcecado com este tipo de dieta. Um estudo publicado na
revista Nature, pela equipe do
pesquisador Jan-Hendrik Hehemann, da Universidade de Pierre y Marie Curie,
notava que os japoneses digerem melhor esta comida pela presença da porfirasa,
um tipo de enzima digestiva inexistente nos povos europeu e americano, e vital
para processar os porfiranos, os hidratos de carbono próprios da alga nori. É
precisamente esta alga que se utiliza para envolver o peixe e o arroz nos makis.
Segundo isto, comer gulosamente, todos os dias à japonesa, e sem limites, longe
de nos fazer bem, poderia ter efeitos secundários desagradáveis. A pele pode se
tornar sensível e reativa, especialmente na área das bochechas e sulco nasolabial.
Também pode ocasionar ressecamento labial, principalmente o inferior. Além
disso, o consumo excessivo de atum e salmão pode provocar um aumento de metais
pesados no organismo. Portanto, como nunca é demais lembrar, nada que é
consumido em excesso faz bem. Evitar o açúcar e gorduras saturadas, comer
vegetais e pouca carne vermelha, e, finalmente, comer com moderação são lições da
dieta japonesa que podem ser seguidas tranquilamente no ocidente.