Uma
equipe de pesquisadores espanhóis e portugueses desenvolveu uma metodologia
para modificar o glúten, com o objetivo de reduzir sua toxicidade para pessoas
celíacas, ou sensíveis ao glúten. Os pesquisadores esperam que um dia o método permita
que os celíacos venham a consumir alimentos a base de trigo.
Além
do mais, eles descobriram que, em testes controlados de panificação, a farinha
de trigo modificada comportava-se de forma semelhante à farinha regular –
demonstrando que, futuramente, possa ser possível criar produtos à base de
trigo para pessoas celíacas.
Reorganizando
as proteínas do glúten
Para
criar uma forma de glúten que seja menos tóxica para os celíacos, pesquisadores
da Universidade Politécnica de Madri (UPM), na Espanha, e da Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Portugal, produziram uma reação usando
um composto denominado quitosano, um polissacarídeo comestível. As duas
moléculas — glúten e quitosano (ou quitosana) — formaram o que os cientistas
chamam “reuniões supramoleculares mecanicamente interligadas”, tornando o
glúten menos propenso à digestão e exposição às células intestinais.
Em
estudo publicado na revista Molecular
Nutrition and Food Research, os pesquisadores expuseram células intestinais
retiradas de pessoas com celíase à nova combinação de glúten e quitosano. Descobriu-se
que dois marcadores de uma resposta inflamatória ao glúten eram mais reduzidos
nesta situação, que quando as células eram expostas às moléculas tradicionais
de glúten.
A
pesquisadora Marta Rodríguez-Quijano comenta que as proteínas do glúten não foram
removidas para criar a estrutura química usada no experimento, - elas foram
minimamente alteradas para evitar a toxicidade do glúten para os pacientes
celíacos.
Em
outro estudo, publicado na revista Food
Hydrocolloids, os pesquisadores demonstraram que o complexo glúten-quitosano
poderia ser usado para fazer pão com textura e aparência semelhante ao feito
com farinha de trigo tradicional.
A
equipe de pesquisa espera que sua descoberta possa ajudar a desencadear uma
reviravolta no método de produção de alimentos apropriados para os celíacos –
muito além das farinhas alternativas usadas para mimetizar as propriedades da
farinha de trigo, e na direção de uma farinha de trigo que seja segura para os
celíacos.
Segundo
Rodríguez-Quijano, os pesquisadores acreditam que este projeto de pesquisa
permitirá o desenvolvimento de produtos de trigo com propriedades sensoriais,
nutricionais e tecnológicas similares aos produtos tradicionais, mas, ao mesmo
tempo, seguros para as pessoas portadoras da doença celíaca.
Fonte: Gluten-Free Living
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