terça-feira, 7 de março de 2017

A Dieta Sem Glúten na Infância Não Reverte os Danos Intestinais em Todos os Casos




Uma pesquisa científica recente concluiu que algumas crianças diagnosticadas com a doença celíaca, mesmo adotando a dieta sem glúten, continuam a apresentar danos no intestino. Um estudo que resulta preocupante, e que faz com que os pais tenham de redobrar os cuidados com a dieta restrita dos filhos. Trata-se também de um alerta para médicos e nutricionistas que atendem estes pequenos pacientes.

Estudo publicado no Journal of Pediatric Gastroenterology (novembro, 2016) a cargo de pesquisadores do Programa de Pesquisa da Celíase da Universidade de Medicina de Harvard conclui que cerca de 20% das crianças celíacas continuam a apresentar dano intestinal, apesar de terem aderido a uma dieta sem glúten por mais de um ano. Os pesquisadores testaram a eficácia dos exames serológicos IgA anti-tTG no diagnóstico da cura da inflamação intestinal em pacientes pediátricos. As diretrizes clínicas atuais não recomendam a biópsia para este fim, mas estas orientações foram elaboradas há mais de 25 anos, e não levam em conta o que foi aprendido neste meio tempo sobre a apresentação da doença celíaca.

Os pesquisadores realizaram uma revisão de prontuários em 103 pacientes pediátricos (com idade inferior a 21 anos), para os quais a doença celíaca havia sido confirmada em diagnóstico por endoscopia/biópsia, e submetidos a repetição de endoscopia e biópsia duodenal após pelo menos 1 ano na dieta isenta de glúten. 91% destes pacientes foram identificados como tendo mantido uma adesão “excelente” às diretrizes dietéticas; 92 dos pacientes também tinham IgA tTG positivo no diagnóstico.

A análise dos gráficos revelou que no momento da segunda endoscopia 33% dos pacientes ainda apresentava sorologia elevada, e 66% dos pacientes ainda eram sintomáticos, sendo que 19% ainda apresentavam lesões indicativas da doença celíaca ativa. Quase metade destes pacientes com lesões eram assintomáticos (!).

O estudo conclui que nem a presença ou ausência de sintomas, nem um resultado sorológico positivo são indicadores acurados da cicatrização da mucosa intestinal em pacientes pediátricos com celíase. Embora as diretrizes clínicas atuais não recomendem a biópsia na avaliação da remissão, os resultados deste estudo sugerem que a biópsia é a única maneira confiável de avaliar a presença de lesões, no diagnóstico, ou no acompanhamento da doença.

São necessários estudos adicionais para compreender a eficácia da dieta sem glúten em crianças e jovens, e para avaliar quaisquer tratamentos alternativos que possam diminuir a possibilidade de efeitos a longo prazo no desenvolvimento da doença celíaca.

Como as crianças em especial relutam em aderir à dieta sem glúten, um acompanhamento a longo prazo é especialmente importante para elas. Fica a sugestão para os pais com filhos celíacos que consutem seus pediatras e nutricionistas para assegurar o tratamento pós-diagnóstico adequado.

Referências: http://bit.ly/2mydMwL;  http://bit.ly/2lZ9QlC

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