segunda-feira, 11 de maio de 2015

Azeite de Oliva Combate Perda de Memória


Um novo estudo mostra que o azeite de oliva e as frutas secas, junto com a dieta mediterrânea, preservam a função cognitiva em idosos saudáveis.

Os benefícios da alimentação saudável no combate ao infarto, ou ao acidente vascular cerebral são conhecidos, e as evidências científicas a esse respeito são cada vez mais contundentes. O maior trabalho realizado na Espanha sobre este assunto (Predimed), com dados de 7.500 pessoas, observou há dois anos que quando a dieta mediterrânea (por si mesma protetora) era reforçada com azeite de oliva extra-virgem, ou frutas secas, diminuía o risco dos acidentes cerebrais em até 30%.

Agora, os mesmos autores do trabalho anterior (Emilio Ros, Institut d’Investigacions Biomediques August Pi i Sunyer (Idibaps), Hospital Clínic de Barcelona) centraram a atenção em outro aspecto: a função cognitiva entre os idosos (com idade média de 67 anos). Os pesquisadores observaram que o mesmo regime alimentar, enriquecido com azeite ou nozes, também previne ou retarda a perda das capacidades mentais associadas ao envelhecimento, numa população saudável.



O estudo foi publicado na JAMA Internal Medicine, e tem a particularidade de comparar, pela primeira vez, pessoas submetidas a uma dieta enriquecida, com uma população controle, numa análise ao longo de quatro anos.

Entre os participantes do primeiro grupo, selecionou-se 115 pessoas, às quais se forneceu um suplemento de um litro por semana de azeite de oliva extra-virgem. Outras 147 pessoas receberam uma ração de 30 g diárias de um mix de nozes (15 g), avelãs e amêndoas. Aos 145 restantes, simplesmente recomendou-se diminuir a gordura em sua alimentação. As capacidades cognitivas foram medidas mediante uma bateria de nove testes neuropsicológicos.

Ao final do estudo, os pesquisadores concluíram que as pessoas que seguiram a dieta mediterrânea reforçada com suplementos apresentavam uma capacidade cognitiva melhor que o grupo de controle, que havia sofrido perdas maiores na função cerebral. Os que consumiram frutas secas preservaram melhor a memória (um dos testes para medi-la consistia em memorizar sete palavras e recordá-las passados três minutos). Entre os que consumiram azeite de oliva, as vantagens estiveram relacionadas com a função executiva (entre outros aspectos, eram mais rápidos na hora de unir com uma linha 12 números dispostos aleatoriamente sobre um papel). Esta melhora na função cognitiva é independente de variáveis como idade, ou sexo dos participantes (dos 447 voluntários, 223 eram mulheres). Segundo o Dr. Ros “as duas dietas melhoraram significativamente os resultados do grupo de controle”. O pesquisador também destaca que os resultados são aplicáveis à população sã, como estratégia preventiva, mas nunca como um tratamento para reduzir os efeitos de um processo de demência quando este já começou a manifestar seus sintomas. “[A dieta analisada] reduz a deterioração cognitiva associada à idade, mas por enquanto não podemos dizer que previna, por exemplo, o alzheimer, embora a condição patológica incluísse sim o alzheimer”, comenta. Além disso, a análise mostra como uma mudança de hábitos, neste caso o hábito alimentar, é um recurso eficaz para prevenir a degeneração cognitiva, embora aconteça em idades avançadas.

O trabalho não se aprofunda no mecanismo de ação preventivo do azeite e das frutas secas. Os efeitos benéficos provavelmente se devam à grande quantidade de agentes anti-inflamatórios e antioxidantes [destes produtos]. Por isso, não bastaria consumir o azeite de oliva refinado, mas sim o extra-virgem, rico em polifenois. Algo parecido, quanto as suas propriedades, acontece com as nozes, o segundo alimento vegetal com maior poder antioxidante, depois da rosa mosqueta, fruto de um tipo de rosa selvagem.

Num ambiente marcado pelo aumento da expectativa de vida, o interesse em prevenir a deterioração física, cognitiva ou emocional relacionada com passar dos anos está concentrando, cada vez mais, os esforços da comunidade científica internacional. Apesar dos esforços realizados, as únicas estratégias que vêm demonstrando eficácia para retardar o declínio das faculdades mentais associadas à idade não são farmacológicas, mas sim as que estão relacionadas com os hábitos de vida saudáveis. Os mais estudados têm a ver com os efeitos positivos e protetores da atividade física moderada e intensa em pessoas sãs, em oposição aos comportamentos sedentários. Por isso, a importância deste trabalho está no fato de reforçar a tese protetora da dieta, e nos faz pensar que, se a mesma é benéfica para os idosos, também o será para a população em geral.

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